terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

SENA: “A gente ‘quebra’ até o Padre Paolino”, diz membro de gangue
Gangues compostas por bandidos de todas as idades ameaçam a vida de moradores dos bairros Pista e Vitória e de outros bairros de Sena Madureira.
Da Redação da Agência ContilNet
A briga entre duas gangues com redutos nos bairros Pista e Vitória acabou com a tranqüilidade dos moradores das duas localidades e de quase toda a cidade de Sena Madureira, hoje com uma população aproximada de 30 mil habitantes.

A reportagem da Agência ContilNet esteve na manhã desta segunda-feira (20) com um rapaz de 22 anos que faz parte de uma gangue do Bairro da Pista. E o que o repórter ouviu foi assustador. “Olha, se começarem a mexer com a gente, pode ser até o Padre Paolino... Vamos ‘quebrar’ ele...”

O rapaz, que concedeu entrevista a Agência ContilNet na condição de não ter sua identidade revelada, disse que sua turma está preparada para as ameaças enviadas por um membro da família de Geovane Silva dos Santos, 21 anos, morto na madrugada deste domingo com três facadas por Enedino Bezerra dos Anjos, também de 21 anos.

“Nós temos como nos defender, e se vierem com ‘gaiatice’, o pau quebra porque o nosso pessoal bota é pra lascar”, disse o rapaz, visivelmente fora de si.

Francisca: "Meu filho vinha sendo ameaçado de morte há muito tempo”
Francisca: "Meu filho vinha sendo ameaçado de morte há muito tempo”
Pai de Geovane diz que os bandidos exibem armas em plena luz do dia, no bairro Vitória
Pai de Geovane diz que os bandidos exibem armas em plena luz do dia, no bairro Vitória
A mãe do jovem assassinado chorava muito esperando o corpo do filho
A mãe do jovem assassinado chorava muito esperando o corpo do filho
“Nunca ameaçamos ninguém”, diz pai da vítima
Abalado com a morte do filho de apenas 21 anos de idade, Valdomiro Lima dos Santos, 52, disse que nenhum membro da sua família fez qualquer tipo de ameaça ao assassino de Geovani. “O que nós vamos exigir é que seja feito justiça. Só Deus sabe a dor nós estamos sentindo”, desabafou.

Valdomiro diz que jovens de todas as idades, inclusive menores de idade, são acostumados a exibir armas em plena luz do dia no Bairro Vitória. “Eles chegam de bicicleta e atiram nas casas das pessoas. Eles fazem o que querem. Quando a Polícia prende, a Justiça solta”, denuncia.

Ele cita como exemplo o caso de Enedino Bezerra dos Anjos, que estava preso há poucos meses por ter matado uma pessoa, e após contratar um advogado foi liberado. “Saiu da prisão só para matar o meu filho”, diz aos prantos.

Tiroteio e invasão

Uma irmã de Geovane, que também pediu sigilo à identidade, disse que há alguns meses a gangue de Enedino entrou no seu quintal atirando para todos os lados. “E o pior é que quando a polícia chega, só prende o pessoal da Vitória, os do Bairro da Pista e da Siqueira Campos, que são os mais perigosos ficam soltos”, conta.

A mãe de Geovane, Francisca Ivanir de Souza, 66 anos, disse que não se conforma com a morte do filho. “Não vivemos sossegados há muitos anos, com esses bandidos perturbando a nossa vida. Meu filho vinha sendo ameaçado de morte há muito tempo”, lembra.

Francisca diz que todas as mortes violentas ocorridas nas brigas de gangues, não foram praticadas por moradores do Bairro Vitória. “É só perguntar a polícia, que tem esses registros, se alguma pessoa daqui já matou alguém”.

O jovem W. S. da S., 17 anos, disse que aparou a faca com o braço/Fotos: Agência ContilNet
O jovem W. S. da S., 17 anos, disse que aparou a faca com o braço/Fotos: Agência ContilNet
“Aparei a faca com o braço”, diz primo de Geovane
Ainda com o braço direito enfaixado, o jovem W. S. da S., 17 anos, conta que estava dançando com seu primo Geovane quando viu Enedino chegar com a faca e tentar acertar seu peito esquerdo.

Vendo o parente em perigo, ele aparou o golpe da faca com o braço, ao tentar segurar a mão do agressor. “A gente estava brincando quando a turma dele chegou agredindo todo mundo, e o Enedino começou a esfaquear o Geovane”, conta.

Acerto de contas
A maioria dos moradores da Pista e Vitória não quiseram falar com a reportagem da Agência ContilNet temendo por suas vidas e de seus familiares. Uma mulher que chegava à sua residência quebrou o silencio e disse que os comentários na manhã desta segunda-feira (20) era de que as gangues poderiam se encontrar à noite no centro da cidade para ‘acertar as contas’.

“Estou apavorada. Os moradores da Pista e do Vitória também estão desesperados. Não sabemos mais o que fazer. A noite é tanto bandido, tanta droga circulando por aqui que a gente não pode mais sair de casa. Vivemos aprisionados. O pior de tudo são as brigas, onde tem de tudo, da faca ao revólver”, diz em tom de desespero.

Delegado diz que não concluiu o caso
O delegado Odacir Guedes, que está prestando serviço em Sena Madureira somente no período do Carnaval, disse que não sabe nada sobre os comentários de um possível ‘encontro de gangues’ no centro da cidade.

Sobre o inquérito que apura a morte de Geovane Silva dos Santos, ele disse que deverá ser concluído ainda esta semana.

Segurança pública agonizando
Na Unidade de Segurança Pública de Sena Madureira quase não existe policiamento. Os dois homens que ficam no local já estão em idade avançada e não dispõem de munição, e às vezes nem de armamento para defender suas vidas.

“Aqui a gente tem que trabalhar apenas com as unhas e com os dentes. A coisa está feia. O pior é que não tem mais lugar para prender os bandidos”, relata um policial que pediu que a reportagem preservasse sua identidade.

O delegado Odacir Guedes estava sozinho em seu gabinete quando foi abordando pela reportagem da Agência ContilNet, que entrou no local sem ser importunada por nenhum segurança.

O jovem Geovane teve que ir andando até o carro da polícia, ao invés de ter esperado a maca do Samu/Fotos: SenaAgora
O jovem Geovane teve que ir andando até o carro da polícia, ao invés de ter esperado a maca do Samu/Fotos: SenaAgora
Vítima teve que ir andando até carro da polícia
Geovane Silva foi atingido por três facadas quando brincava o carnaval na Avenida Avelino Chaves, em Sena Madureira. Ao cair agonizando, foi amparado por parentes e amigos que lhe acompanhavam.

O jovem, que deveria ter sido imobilizado e permanecido no local até ser resgatado pelo Samu, teve que sair andando, escoltado por policiais até um carro da polícia.

“Qualquer pessoa  sabe que não se pode remover uma vítima de acidente de trânsito ou quando a mesma é atingida por armas brancas e de fogo. O esforço só aumenta a hemorragia”, diz um médico do município.

A maneira como Geovane foi levado para o hospital João Câncio Fernandes pode  ter aumentado a hemorragia nos locais onde ele foi atingido por uma faca.

Com a vítima ainda agonizando na sala de cirurgia, os membros da gangue que esfaquearam Geovane aguardavam do lado de fora para "terminar o serviço". Ao serem informados que ele havia morrido, deixaram o local o tomaram rumo ignorado.

Geovane caiu agonizando e foi amparado por amigos e parentes
Geovane caiu agonizando e foi amparado por amigos e parentes


reportagen tirada da agencia contil net.
Hotel Avenida
Cerâmica
Restaurante Aquarela
Frigo Sena
VLG

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