SENA: “A gente ‘quebra’ até o Padre Paolino”, diz membro de gangue
Gangues
compostas por bandidos de todas as idades ameaçam a vida de moradores
dos bairros Pista e Vitória e de outros bairros de Sena Madureira.
Da Redação da Agência ContilNet
A
briga entre duas gangues com redutos nos bairros Pista e Vitória acabou
com a tranqüilidade dos moradores das duas localidades e de quase toda a
cidade de Sena Madureira, hoje com uma população aproximada de 30 mil
habitantes.
A reportagem da Agência
ContilNet esteve na manhã desta segunda-feira (20) com um rapaz de 22
anos que faz parte de uma gangue do Bairro da Pista. E o que o repórter
ouviu foi assustador. “Olha, se começarem a mexer com a gente, pode ser
até o Padre Paolino... Vamos ‘quebrar’ ele...”
O rapaz, que concedeu
entrevista a Agência ContilNet na condição de não ter sua identidade
revelada, disse que sua turma está preparada para as ameaças enviadas
por um membro da família de Geovane Silva dos Santos, 21 anos, morto na
madrugada deste domingo com três facadas por Enedino Bezerra dos Anjos,
também de 21 anos.
“Nós temos como nos
defender, e se vierem com ‘gaiatice’, o pau quebra porque o nosso
pessoal bota é pra lascar”, disse o rapaz, visivelmente fora de si.

Francisca: "Meu filho vinha sendo ameaçado de morte há muito tempo”

Pai de Geovane diz que os bandidos exibem armas em plena luz do dia, no bairro Vitória

A mãe do jovem assassinado chorava muito esperando o corpo do filho
“Nunca ameaçamos ninguém”, diz pai da vítima
Abalado
com a morte do filho de apenas 21 anos de idade, Valdomiro Lima dos
Santos, 52, disse que nenhum membro da sua família fez qualquer tipo de
ameaça ao assassino de Geovani. “O que nós vamos exigir é que seja feito
justiça. Só Deus sabe a dor nós estamos sentindo”, desabafou.
Valdomiro diz que jovens de
todas as idades, inclusive menores de idade, são acostumados a exibir
armas em plena luz do dia no Bairro Vitória. “Eles chegam de bicicleta e
atiram nas casas das pessoas. Eles fazem o que querem. Quando a Polícia
prende, a Justiça solta”, denuncia.
Ele cita como exemplo o
caso de Enedino Bezerra dos Anjos, que estava preso há poucos meses por
ter matado uma pessoa, e após contratar um advogado foi liberado. “Saiu
da prisão só para matar o meu filho”, diz aos prantos.
Tiroteio e invasão
Uma irmã de Geovane, que
também pediu sigilo à identidade, disse que há alguns meses a gangue de
Enedino entrou no seu quintal atirando para todos os lados. “E o pior é
que quando a polícia chega, só prende o pessoal da Vitória, os do Bairro
da Pista e da Siqueira Campos, que são os mais perigosos ficam soltos”,
conta.
A mãe de Geovane, Francisca
Ivanir de Souza, 66 anos, disse que não se conforma com a morte do
filho. “Não vivemos sossegados há muitos anos, com esses bandidos
perturbando a nossa vida. Meu filho vinha sendo ameaçado de morte há
muito tempo”, lembra.
Francisca diz que todas as
mortes violentas ocorridas nas brigas de gangues, não foram praticadas
por moradores do Bairro Vitória. “É só perguntar a polícia, que tem
esses registros, se alguma pessoa daqui já matou alguém”.

O jovem W. S. da S., 17 anos, disse que aparou a faca com o braço/Fotos: Agência ContilNet
“Aparei a faca com o braço”, diz primo de Geovane
Ainda
com o braço direito enfaixado, o jovem W. S. da S., 17 anos, conta que
estava dançando com seu primo Geovane quando viu Enedino chegar com a
faca e tentar acertar seu peito esquerdo.
Vendo o parente em perigo,
ele aparou o golpe da faca com o braço, ao tentar segurar a mão do
agressor. “A gente estava brincando quando a turma dele chegou agredindo
todo mundo, e o Enedino começou a esfaquear o Geovane”, conta.
Acerto de contas
A
maioria dos moradores da Pista e Vitória não quiseram falar com a
reportagem da Agência ContilNet temendo por suas vidas e de seus
familiares. Uma mulher que chegava à sua residência quebrou o silencio e
disse que os comentários na manhã desta segunda-feira (20) era de que
as gangues poderiam se encontrar à noite no centro da cidade para
‘acertar as contas’.
“Estou apavorada. Os
moradores da Pista e do Vitória também estão desesperados. Não sabemos
mais o que fazer. A noite é tanto bandido, tanta droga circulando por
aqui que a gente não pode mais sair de casa. Vivemos aprisionados. O
pior de tudo são as brigas, onde tem de tudo, da faca ao revólver”, diz
em tom de desespero.
Delegado diz que não concluiu o caso
O
delegado Odacir Guedes, que está prestando serviço em Sena Madureira
somente no período do Carnaval, disse que não sabe nada sobre os
comentários de um possível ‘encontro de gangues’ no centro da cidade.
Sobre o inquérito que apura a morte de Geovane Silva dos Santos, ele disse que deverá ser concluído ainda esta semana.
Segurança pública agonizando
Na
Unidade de Segurança Pública de Sena Madureira quase não existe
policiamento. Os dois homens que ficam no local já estão em idade
avançada e não dispõem de munição, e às vezes nem de armamento para
defender suas vidas.
“Aqui a gente tem que
trabalhar apenas com as unhas e com os dentes. A coisa está feia. O pior
é que não tem mais lugar para prender os bandidos”, relata um policial
que pediu que a reportagem preservasse sua identidade.
O delegado Odacir Guedes
estava sozinho em seu gabinete quando foi abordando pela reportagem da
Agência ContilNet, que entrou no local sem ser importunada por nenhum
segurança.

O jovem Geovane teve que ir andando até o carro da polícia, ao invés de ter esperado a maca do Samu/Fotos: SenaAgora
Vítima teve que ir andando até carro da polícia
Geovane
Silva foi atingido por três facadas quando brincava o carnaval na
Avenida Avelino Chaves, em Sena Madureira. Ao cair agonizando, foi
amparado por parentes e amigos que lhe acompanhavam.
O jovem, que deveria ter
sido imobilizado e permanecido no local até ser resgatado pelo Samu,
teve que sair andando, escoltado por policiais até um carro da polícia.
“Qualquer pessoa sabe que
não se pode remover uma vítima de acidente de trânsito ou quando a mesma
é atingida por armas brancas e de fogo. O esforço só aumenta a
hemorragia”, diz um médico do município.
A maneira como Geovane foi
levado para o hospital João Câncio Fernandes pode ter aumentado a
hemorragia nos locais onde ele foi atingido por uma faca.
Com a vítima ainda
agonizando na sala de cirurgia, os membros da gangue que esfaquearam
Geovane aguardavam do lado de fora para "terminar o serviço". Ao serem
informados que ele havia morrido, deixaram o local o tomaram rumo
ignorado.

Geovane caiu agonizando e foi amparado por amigos e parentes
reportagen tirada da agencia contil net.
Hotel Avenida
Cerâmica
Restaurante Aquarela

VLG
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